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Cristina, estudante do terceiro ano da Augustinho Brandão (Foto:Francisco Leal) |
O sucesso da escola ultrapassou as divisas piauienses e chegou aos ouvidos de gente de outros estados, como o senhor Francisco Benigno, que morava com a família em São Paulo. Foi vendo um programa de televisão que ele soube da existência da famosa escola de Cocal dos Alves. O desejo de oferecer as melhores oportunidades aos filhos fez com que ele aprontasse as malas e desembarcasse na cidade do interior piauiense, sem ter parentes ou qualquer conhecido por lá.
Francisco, o filho Gabriel e a esposa Rosimar( Foto: Francisco Leal) |
“Como eu não tinha condição de pagar colégio para os meus filhos lá em São Paulo, eu resolvi vir até aqui (Cocal dos Alves) e matricular eles nessa escola que é por conta do governo. Nos mudamos em janeiro desse ano e estamos aqui até agora. Se Deus quiser, vai dar tudo certo. Na verdade, está dando. Eles conseguiram se adaptar bem ao colégio e as expectativas são boas”, explica o pai.
A mudança repentina parece não ter tirado o sono do filho de Francisco, Gabriel Benigno, de treze anos, estudante do nono ano. A adaptação à nova realidade veio rápido e o jovem conta que já entrou no ritmo dos colegas. “A turma foi bem receptiva comigo. No começo da semana, eu já estava gostando de praticamente todo mundo. Todo mundo já puxava assunto”, ri o adolescente. “Tem muita diferença da escola que eu estudava em São Paulo, porque lá o colégio era uma bagunça. Tipo, eu aprendi bastante coisa lá, mas em comparação com o que eu aprendi aqui é uma grande diferença”, explica Gabriel.
O gosto por medalhas parece também ter contagiado o jovem. Ele garante que já realizou muitas avaliações nacionais este ano e que as conquistas servem de inspiração para investir cada vez mais tempo nos estudos. “Teve uma prova que a sala toda junta fez e acabou ganhando. Eu mesmo, graças a Deus, também já ganhei medalha. Fiquei muito feliz por isso. Até que é legal, porque você aprende uma coisa a mais. Ganhar um prêmio é uma coisa muito legal, é um incentivo. Eu até que curto”, disfarça Gabriel, enquanto ri.
A fama da escola também chegou à região do Pantanal, onde Alicia Sétimo, mãe do João Sétimo, de doze anos, vivia com a família. Após um ano pensando e planejando a mudança, ela resolveu enfrentar os milhares de quilômetros que separam o Mato Grosso do Piauí e, após o contato inicial, não teve dúvida: era hora de enfrentar essa aventura pelo bem dos filhos.
“Fizemos quatro dias de viagem. Foi muito cansativo. Você chegar em uma cidade onde não conhece ninguém, é um pouco complicado, mas estamos nos adaptando bem. Aqui é bem sossegado, não tem crime, nem problemas com droga. É tudo bem calmo. A gente está conseguindo se virar”, conta a mãe.
Dona Alícia e João. A Família veio do Mato Grosso( Foto: Francisco Leal) |
O marido de Alicia ficou no Mato Grosso por causa do trabalho. De lá vem o dinheiro que mantém a esposa e os dois filhos em Cocal dos Alves. “A diferença (no ensino) é muito grande. Às vezes, fica até difícil para eles acompanharem por causa do ritmo forte que a escola mantém aqui. Mas está dando tudo certo, a gente pretende ficar aqui até os meninos terminarem os estudos”, revela a mato-grossense.
A adaptação à realidade piauiense não foi um grande problema para João, que garante está totalmente à vontade na nova cidade. “Nós chegamos, eu não conhecia praticamente ninguém, apenas o pessoal com quem eu brincava aqui na praça. Daí, eles foram me apresentando para os outros que eu não conhecia e acabei me enturmando com todo mundo”, diz o adolescente.
“Minha matéria preferida é matemática. Tem muito a ver com o jeito que o professor Antônio Cardoso do Amaral ensina a disciplina. Ele tenta relaxar a gente quando está muito cansativo, para distrair e não ficar sobrecarregado”, acrescenta João, citando o premiado professor da escola Augustinho Brandão. “Se eu for embora, ele disse que vai ficar morando com Amaral aqui”, interrompe a mãe aos risos.
Números que condizem condizem com a fama
Os números da Augustinho Brandão surpreendem a todos. Mesmo em uma cidade de IDH baixo e distante dos grandes centros urbanos, o sucesso do ensino no município é fruto de muito trabalho e dedicação. “As pessoas brincam falando que é a água, mas o que nós temos aqui é muita responsabilidade e trabalho. É só isso que faz a gente alcançar os resultados que conseguimos. Essa escola desde que foi criada, foi fundada com esse pensamento de que seria uma escola diferente”, afirma a professora Aurilene Vieira, diretora da unidade escolar.
Professora Aurilene Vieira, diretora da U. E. Augustinho Brandão( Foto: Francisco Leal) |
Ela acrescenta que a escola alcança a impressionante média de 80% de aprovação no vestibular todos os anos. Os números, segundo ela, não são o mais importante, mas sim o impacto que essa guinada educacional causa na vida dos jovens.
“Nós temos dado oportunidade aos nossos alunos, que possuem um perfil socioeconômico baixo. É a chance deles mudarem de vida, de sair dessa situação de pobreza e de renda baixa para uma situação bem melhor. Isso nós sabemos que quem propicia é a educação. Então, essa escola foi feita para ser essa transformadora de realidades, de sonhos. Aqui, um aluno que é pobre, que vem de família humilde, consegue ter acesso a um curso superior e, pouco a pouco, nós temos conseguido um resultado surpreendente quando você coloca isso como impacto socioeconômico”, reitera Aurilene.
O carinho e dedicação investidos por todos que constroem a Augustinho Brandão estimulam os alunos que mantêm um vínculo com os professores, transpondo o convívio escolar.
“O principal motivo de nossa escola ter esse destaque é nossa relação com os professores. Aqui é meio que uma irmandade. Todo mundo é amigo de todo mundo, os professores querem nosso bem, como os nossos pais. Independente de resultados, eles querem que a gente tenha um futuro promissor, que a gente possa ter uma oportunidade”, conta a estudante Ana Carla de Brito Amaral, de 16 anos, estudante do terceiro ano do ensino médio e seis vezes medalhistas nas Olimpíadas Brasileiras de Matemáticas das Escolas Públicas (Obmep).
Ana Carla, estudante do terceiro ano do ensino médio e 6 vezes medalhista da OBMEP II( Foto: Francisco Leal) |
Às vésperas do Enem, a jovem mantem o ritmo intenso nos estudos e já projeta a escolha do curso desejado. “Eu tenho muita vontade de conseguir alguma coisa na área da matemática. Eu tenho vontade de fazer engenharia, ainda não decidi muito qual engenharia. Também tenho a opção de licenciatura em matemática, meu sonho desde pequenininha é dar aula”, acrescenta Ana Carla.
“A gente passa o dia inteiro aqui e à noite faz simulado. Os que podem ir e voltar vão para casa e voltam à noite. Os que não podem ficam na escola, lancham por aqui mesmo e esperam para estudar também à noite”, conta a aluna do terceiro ano do ensino médio, Cristina Aguiar, que também se prepara para o Enem.
Ensino
Funcionando com ensino regular em modelo de tempo integral e no turno da noite, atendendo desde o ensino fundamental (do sexto ao nono ano) até o ensino médio, além de ofertar vagas para o programa de Ensino de Jovens e Adultos (EJA), a Unidade Escolar Augustinho Brandão atende atualmente 365 alunos. Inaugurado em 2013, o prédio segue os padrões estabelecidos pelo MEC, com salas de aula, laboratório de informática, laboratório de ciências, refeitório, biblioteca e quadra poliesportiva. Nós temos um corpo de 18 professores e 14 funcionários, entre motoristas, merendeiras e vigias.
“Nós somos a escola da rede estadual com maior nota no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e a terceira do estado entre todas, incluindo escolas particulares. Quando se trata de Piauí, no Sistema de Avaliação Educacional do Piauí (Saepi), a prova que mede a qualidade do ensino das escolas da rede estadual (ensino médio), nós somos os primeiros. Tudo isso corrobora para comprovar que nós somos disparados a melhor escola da rede pública de ensino, tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio”, orgulha-se a diretora Aurilene Vieira
Fonte: Portal do Governo do Estado do Piauí
Fonte: Portal do Governo do Estado do Piauí
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